segunda-feira, 25 de junho de 2012


Domingo, 24 de junho de 2012.
Fui ao centro de meditação e estudos budistas hoje pela manhã. A prática começa sempre às nove e meia de domingo e estende-se até ao meio-dia: é realmente um tempo muito saudável de reflexão, meditação e estudo dos ensinamentos milenares do pensamento budista. O que chama a atenção no Budismo pra mim, mais do que em qualquer outra religião, é que seu fundador Siddharta Gautama (ou Buda), ao ministrar seus ensinamentos aos discípulos, exortava-os primeiramente a “não acreditarem” em nada do que ele dizia. Deviam, antes, experimentar e testar os ensinamentos em sua vivência no dia-a-dia; caso percebessem que as palavras de Buda faziam sentido e traziam algo positivo, então que as observassem. Se, pelo contrário, fizessem o teste e não notassem nenhum benefício em praticar estes ensinamentos, então que os abandonassem. O atual Dalai Lama, representante mor da religião budista no mundo (a grosso modo, uma espécie de “Papa” do Budismo), exorta no mesmo sentido: se a doutrina budista faz sentido pra você e produz algo positivo na prática, então continue a praticá-la. Caso contrário, simplesmente desconsidere o Budismo. Ora, essa particularidade me impressiona numa religião, pois nenhum outro líder religioso na história que eu tenha conhecimento expôs sua própria doutrina desta maneira, ou seja, deixando a critério de seus ouvintes o julgamento de acatar ou não sua pregação, depois de tê-la experimentado em suas próprias práticas cotidianas. Nisso, com certeza Buda se destaca do Cristianismo (onde fui criado), Judaísmo, Islamismo ou qualquer outra religião que eu tenha notícia, dado que todos os líderes destas religiões sempre propagaram sua mensagem da seguinte forma: “O que eu prego a vocês é a verdade única e não há outra. Ou vocês creem e seguem o que eu prego, ou Deus os punirá eternamente nas chamas do inferno”. De minha parte, tenho procurado aprender sobre o ensinamento budista e aplicá-lo no dia-a-dia, e tenho percebido que minha visão das coisas tem aumentado muito em lucidez, moderação e equilíbrio. Para mim, Buda não é nenhum um Deus (assim como não o é para os budistas).
Saindo do centro budista, voltei pra casa e peguei a carteira (que lá tinha esquecido – com dinheiro, cartões etc.), e subi a Eugênio de Lima até a panificadora Arcadas para comer um delicioso beirute de churrasco regado a coca-cola com limão e gelo. Este seria meu “almoço” de hoje. Subi até à Paulista, ao shopping com lojas de chineses (produtos piratas, é verdade... Aqui ou acolá algum produto original, mas tudo sempre muito barato). Comprei dois pen-drives de 16 GB cada, além de uma extensão para o teclado (pretendo utilizar meu computador a partir do sofá, já que o monitor dele é a tela de TV de 42” na estante). Caminhando pra casa, minha mãe me ligou e avisou que havia chegado de São Carlos, convidando-me para uma visita e para uma refeição. Revi meus pais e jantei. Minha mãe sempre melancólica, relembrava o assunto do meu irmão em São Carlos que largou o emprego e só não abandonou a faculdade ainda por um triz, tudo isso devido a uma persistente crise de depressão que já dura anos. Segundo ela me disse, descobriu nesta última viagem que este irmão tentou suicídio por duas vezes. Bem, eu pessoalmente duvido que ele tenha, de fato, pretendido se matar. Creio que alguém que queira pôr fim à sua própria vida o faz de forma secreta e eficiente, de modo a não ser surpreendido pela esposa à pia do banheiro com a porta aberta, misturando acetona com medicamentos. Mesmo assim, não descarto a possibilidade de o suicídio ser um risco real, dado o grau elevadíssimo da crise depressiva do meu irmão.
Voltando pra casa assisti ao filme Farenheit 451 de Truffault. Excelente clássico cult de 1966 que eu ainda não tinha assistido. O filme foi um dos que me a procuradora federal me emprestou, no trabalho. Confesso que tenho pensado muito nela nos últimos dias, em especial neste final de semana. Acho que posso dizer que uma mulher me chama a atenção pelos filmes que sabe apreciar... Em meu caso, não é exagerado afirmar isso.

Um adendo à postagem sobre o dia de sábado que acabei por omitir: ao voltar para casa, de volta do shopping Light (onde procurava por uma pepelaria), passei próximo ao edifício Joelma no centro da cidade. Este prédio sofreu um incêndio completo em 1974 e houve muitas vítimas fatais. Hoje, muitas pessoas que trabalham por lá ou que passam pelas cercanias alegam visões de fantasmas ou vultos, audição de vozes e gritos etc. Pessoalmente, já passei inúmeras vezes próximo ao Joelma e nunca vi nem ouvi nada: talvez os fantasmas se sintam intimidados diante de minha atitude cética em relação a quase tudo na vida. Perigo mais real, mesmo, são gangues de trombadinhas e desocupados que às vezes podem estar à espreita de potenciais vítimas à noite por aquelas redondezas. Em todo caso, tirei uma foto do Joelma para postar abaixo (seguida de uma foto tirada praticamente do mesmo ângulo por ocasião do incêndio de 1974).


Foto tirada por mim no sábado por volta das sete da noite (não há fantasmas na foto)



Em 1974, o incêndio que matou tragicamente dezenas de pessoas


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