quarta-feira, 4 de julho de 2012


Mais um dia em que chego depois do horário ao trabalho, desta vez com atraso de uma hora. A tal Ritalina realmente está me fazendo falta – tenho apenas quatro comprimidos na cartela e estou relutante em tomar qualquer um deles, pois não tenho data certa para ir ao neurologista ou psiquiatra e conseguir nova prescrição. Apesar dos atrasos de ontem e de hoje, meu serviço com os processos e toda a papelada está relativamente em dia, o que tem sido motivo de contentamento e tranquilidade a mim ultimamente. Esta afirmação soa otimista e positiva numa primeira e mal analisada vista, mas preciso salientar que se trata exatamente do oposto. Se meu espírito está sereno devido a uma temporária bonança em meio à tempestade no meu ambiente de trabalho, isso é algo preocupante; significa que meu sentimento de tranquilidade e alegria interior está no nível da causalidade (ou seja, depende de fatores externos a mim, circunstâncias flutuantes que podem sofrer reviravoltas imprevisivelmente a qualquer tempo).
A procuradora da União (advogada federal) com quem fui ao cinema no sábado apareceu no cartório para despachar processos, e com ela estava sua inseparável amiga I. Castro. Castro é procuradora federal também e um dos seres humanos de personalidade e presença mais fascinantes que já conheci em treze anos de trabalho no tribunal: cheia de tatuagens de várias cores, com dragões, espadas, pássaros e uma variedade de outros ícones cobrindo ambos os braços. Tem aproximadamente a minha idade, é baterista de uma banda de trash metal (atualmente procurando vocalista), e anda toda vestida de preto. É uma pessoa muito autêntica em seu modo de falar e agir; não me admira que ela (Castro) e a procuradora com quem saí sejam amigas assim tão próximas. Ambas são mulheres maduras, bonitas, interessantes e com boa presença de espírito, sendo que Castro é um pouco mais jovem – e casada!
Enquanto fazia carga de processos para as duas no sistema informatizado, aproveitei para conversar sobre os filmes que emprestei àquela com quem saí, e sobre vários outros filmes – pode-se dizer que este assunto está entre nossas predileções. Expliquei-lhes que um de meus favoritos, “Depois de Horas” (After Hours) de Martin Scorcese, emprestei a certa amiga que nunca mais devolveu – “amigos” assim é tudo de que não preciso atualmente. Elas comentaram sobre uma loja bem próxima ali ao prédio, Museu do Disco, que tem tudo o que se possa imaginar em DVD’s, CD’S, filmes raros, clássicos etc. Não deu outra: em meu intervalo para o almoço fui até o tal lugar e comprei o Depois de Horas, juntamente com outro filme que eu já assistira e que é raríssimo de se encontrar, “Häxan” (filmado entre 1919 e 1922, sobre a idade média e o frenesi da caça às bruxas naquele período). Fiquei extremamente feliz em ter reencontrado estas raridades, cujo preço nada teve de barato – cerca de R$ 40 ou 20 USD cada DVD. Mas enfim, é para isso mesmo que eu trabalho, para saber apreciar os pequenos prazeres que a vida oferece aqui e ali; acredito que isso seja fundamental para uma vida digna e minimamente gratificante.
Abaixo, uma foto dos dois filmes que comprei, frente à TV de 42 polegadas que faz vezes de monitor para o laptop enquanto redijo esta postagem no Word:



Hoje à noite tentei uma mudança radical na minha rotina de ir para a cama e dormir: retirei o colchão do quarto e procurei encaixá-lo sobre o sofá, de modo que eu pudesse assistir a um bom documentário no youtube enquanto o sono me chegava aos poucos. Com mouse sem fio e teclado com cabo estendido, ficou fácil manipular o documentário para assisti-lo deitado no colchão e já preparado para dormir. Aparentemente tudo funcionou e o sono não tardou a chegar – pelo menos desta vez.

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