segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Parapsicologia, Precognição e Jung: Breve Conversa Entre Amigos

E-mail recebido de Nataniel na manhã de 20 de agosto de 2012:  

Caro Gláucio,

ontem de manhã, tão logo abri os olhos, a primeira imagem que me veio em saudade foi a da minha irmã mais velha. Fazia um bom tempo que não nos víamos e que nem nos falávamos. E então levantei-me, tomei meu desjejum, comecei a fazer meu trabalho, fiz depois um lanche, voltei ao trabalho, almocei... e minha irmã não saia da mente. Decidi: vou ligar para ela. E aí aconteceu de antes de eu tirar o fone do gancho, o telefone toca. Do outro lado: a minha irmã.

— Oi, fio! Desde ontem só tô pensando em você... Como é que você está?

Tremi da cabeça ao dedão do pé.

Em Viena, no dia 25 de março de 1909, houve um encontro de duas grandes mentes... Jung
perguntou a Freud o que ele achava de precognição e parapsicologia. Freud se alterou e não hesitou em classificar tudo como um absurdo. Para o mestre, os fenômenos ocultos eram meras superstições, indignos de qualquer atenção de quem era instruído na Ciência. "Eu tive que me conter para não retrucar com certa violência", escreveu Jung em seu caderno de recordação. Os ânimos entre o mestre e o discípulo se acirraram. Uma pergunta foi o começo do fim de uma parceria de dois nobres intelectos. Jung relatou:

"Enquanto Freud quase gritava para me convencer de que os fenômenos parapsicológicos não existiam, tive uma sensação curiosa: meu diafragma parecia feito de aço e um estranho calor começou a subir pelo meu peito, como se algo fosse explodir. Nesse exato momento escutamos um estrondo na estante que ficava logo atrás de nós. Levantamos assustados, temendo que ela fosse cair. Entendi tudo e expliquei a Freud: 'Aí está um bom fenômeno de exteriorização catalítica'. Furioso, ele disse que tudo aquilo era uma bobagem. Insisti: 'Não é besteira e o senhor está totalmente enganado, professor. Para provar o que estou dizendo, afirmo que vamos ouvir outro estrondo daqui a pouco'. Mal acabei de falar, a estante voltou a produzir aquele ruído. Não sei o que me deu aquela certeza, mas eu sabia que o ruído ia se repetir. Freud limitou-se a olhar desconfiado para mim. Não sei exatamente o que significou aquele olhar, nem o que passou por sua mente naquela hora. O fato é que ele se sentiu agredido".

Estou estudando os escritos de Jung sobre fenômenos do além-consciência.

Abraço,

Nataniel."
 
E-mail enviado por mim como resposta em 20 de agosto:
 
"Olá, caro Nataniel.

Sempre um prazer e enorme satisfação receber suas reflexões e impressões abordando novos conhecimentos.
Vejo a vida acima de tudo como um processo, um processo de aprendizado do início ao fim. Por isso, penso que quando alguém se enclausura para fugir de novas ideias e conceitos diferenciados, está de fato deixando de viver. É realmente impressionante o relato de sua experiência com o telefonema de sua irmã. Pessoalmente não me ocorre, ao menos neste momento em que escrevo, alguma situação similar no contexto de minha própria história. Mas conheço muitos casos relatados por pessoas idôneas que levam a reflexões muito parecidas com aquelas a que chegamos conforme os fatos que narraste.
Certos fenômenos foram empiricamente postos à prova com respeito à atemporalidade da consciência; em clara indicação de que nosso plano de percepção situa-se para além de espaço e de tempo. Por exemplo, algumas horas antes do atentado de 11 de setembro, sensores eletromagnéticos ultrassensíveis do mundo inteiro registraram grandes picos de atividade (bem, não sei exatamente do que se tratam esses equipamentos, mas foi o que assisti num documentário com depoimentos de cientistas e pesquisadores de renomadas universidades). Era como se a mente coletiva da humanidade estivesse "captando" a energia emocional de um acontecimento que, independente da afiliação política ou filosófica de cada um, tornou-se o centro das discussões no mundo inteiro e causou grande impacto mental em todos. Ou seja, o inconsciente de toda a raça humana estaria sensibilizado por um determinado fato, mesmo horas antes de este fato acontecer!
Há muitos outros experimentos pelo que sei, de naturezas diversas, que induzem a sérias indagações sobre os fenômenos do além-consciência. Citei apenas este, como mero exemplo entre inúmeros outros.
Acredito que Jung foi um homem muito à frente de seu tempo quanto às questões da mente e da psiquê, o que talvez explique ter ele sido até certo ponto "marginalizado" dentro do círculo científico ao qual pertencia (não sei se a informação procede ou não, mas ouvi dizer que na grade curricular dos cursos de graduação em Psicologia não está incluído o estudo de Jung - Apenas o pensamento de Freud é analisado. Ainda preciso confirmar esta informação com alguém que tenha estudado Psicologia, mas parece que é isso mesmo... O que não me surpreenderia - Jung estaria além de seu tempo e, provavelmente, além do nosso tempo também!). Em terra de cego, estimado Nataniel, sabemos que quem teve olhos jamais foi rei.
Meu caro amigo, mantenha-me a par de novas conclusões e insights vislumbrados por você a partir dos seus estudos do pensamento Junguiano. De minha parte, vejo-me propenso a também buscar algum conhecimento nesse campo.

Grande abraço!
Glaucio"


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